segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Espécies da Amazônia ainda são pouco utilizadas na arborização local.

Ecólogo amazonense avalia que paisagismo em Manaus insiste, equivocadamente, em fugir das espécies regionais

No herbário que mantém na Zona Leste, Wilys Silva cultiva espécies raras da flora amazônica, inclusive a internacional (Ney Mendes)

Árvores nativas da região Amazônica, como cajurana, mircônia, antúrio, acacallis cyanea, ipês roxo e amarelo e jacarana, chamada também de jacarandá, que dão flores praticamente o ano inteiro são ignoradas na arborização urbana da cidade.
 O imediatismo e o improviso no paisagismo, a falta de conhecimento das espécies da Região Norte por parte de profissionais, a imitação de criar ambientes existentes no Sul do Brasil e na Europa, e a moda, fazem que elas sejam consideradas mato.
De acordo com o ecólogo Willys Silva, muitas empresas e profissionais em Manaus, contratados por órgãos públicos, não possuem conhecimento das árvores e plantas regionais. “Muitos pensam no negócio. E falar de plantas nativas, significa incluir plantas da Amazônia colombiana, peruana, venezuelana e as próprias daqui. E, muitas têm beleza exuberante”, destacou o paisagista, que possui um herbário na Zona Leste, onde trabalha com produção de plantas de espécies amazônicas.
Ainda conforme o paisagista há preconceito sobre as plantas da Amazônia e uma “massificação” da espécie conhecida como pau pretinho na área urbana, e muitas árvores plantadas em condomínios da cidade, são importadas do Paraná e de São Paulo. “Quando você começa a adornar um jardim ou um espaço na cidade com plantas locais, as pessoas veem e dizem que é mato. Então, começam a querer plantas do Sul. Isso demonstra falta de conhecimento porque as espécies amazônicas vão além do pau pretinho”, disse.
As plantas amazônicas, segundo Willys, procuram a luz do sol, gerando sombra. Outras não possuem frutos que possam atrair pessoas para prejudicar a árvore. “Há parques, por exemplo, na cidade que não possuem espécies amazônicas. O que há são palmeiras importadas que não dão sombra e as crianças vão crescer sem conhecer as espécies próprias da sua região”, concluiu, dizendo também, que os turistas que vêm a Manaus não querem ver árvores que já viram no Sul do País ou na Europa. “Eles querem conhecer as próprias da região”, finalizou.
Outras espécies recomendadas para o paisagismo da cidade são, segundo Wilys, a lofantera da Amazônia e a jutairana. “Para mim, um dos problemas na arborização da cidade, é a rapidez com a qual as pessoas querem plantar e ver crescer as árvores. Clientes já me pediram espécies, sem dar o tempo necessário para que elas crescessem. Então, falta atenção à orientação técnica”, contou o técnico em paisagismo Luiz Carlos de Araújo.
Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), a plantação de mudas de pau pretinho na cidade, respeita o tamanho do canteiro, que é de, aproximadamente 80 centímetros de largura, sem destruir o calçamento.
“É a melhor que se adaptou em calçadas, ao contrário do ipê, que não pode ser plantado onde há cabos de eletricidade”, disse o diretor de arborização do órgão Heitor Liberato. Ele contou também, que o viveiro da Semmas, situado na Zona Leste, possui aproximadamente 50 espécies de árvore.

 Árvores garantem sombra e ventilação
De acordo com o ecólogo Wilys Silva, o ideal na área urbana é plantar árvores de porte de 1,5 metro para que elas possam sobreviver. “Muitas árvores que foram plantadas na avenida das Torres, não vão se desenvolver porque elas foram plantadas muito pequenas e foram pisadas. O aproveitamento será médio”, disse ele, acrescentando que os resultados aparecerão em cinco anos.  No Centro de Manaus, praças como a Heliodoro Balbi, a praça da Polícia; a 5 de Setembro, conhecida popularmente como praça da Saudade, e a praça Dom Pedro II, ainda conservam a beleza por conta das plantas e árvores da região. “Há árvores que dão cor aos lugares, além de sombra e ventilação. E, aqui em Manaus, eu sinto falta das cores das árvores”, disse a dona de casa Olga de Lima, que nasceu em São Paulo, mas foi criada em Manaus.


 

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