segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Construir no Amazonas ficou mais caro

Aumento de 8% no ICMS cobrado em São Paulo sobre materiais da construção civil afetará setor no Amazonas

 


O Governo de São Paulo reajustou em 8% o preço de 50 mil itens da construção civil, conforme anúncio feito nessa segunda-feira (6), pela Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Os efeitos deverão ser sentidos também no mercado local, visto que lojas e empresas do ramo compram naquele Estado boa parte dos materiais de que precisam para tocar seus negócios.
Ainda não dá para precisar o impacto do reajuste nos preços praticados localmente, mas ele inevitavelmente será repassados para o consumidor final, que, segundo a gerente comercial da Casa do Eletricista, Maria José, talvez nem venha a sentir de imediato o peso no bolso, “porque não tem o hábito de monitorar o preço dos materiais de construção, como fazem as empresas da construção civil”.
O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Amazonas (Sinduscon), Eduardo Lopes, disse que o reajuste em São Paulo afetará diretamente os negócios em Manaus. “Hoje, todo o ICMS que pagamos ao comprarmos materiais de construção é para o Estado de origem, nada é arrecadado pelo fisco amazonense. Em São Paulo, pagamos 17% seria inviável pagarmos 25%”.
Segundo Eduardo, com o reajuste em São Paulo vem à tona uma situação deixada pelo governo Eduardo Braga, em que o Estado deixou de arrecadar ICMS do setor. Agora, com o reajuste do ICMS paulista será necessário uma intervenção do governo do Amazonas. “Na época, o setor não estava tão aquecido. Mas devemos apresentar um cálculo de quanto o Estado deixa de arrecadar”.
De acordo com o presidente do Sinduscon, os itens mais comprados pelas construtoras de Manaus em São Paulo são: revestimento cerâmico, ferragem, louças sanitárias, portas, arruelas, tinta e massa. Há dois anos o setor discute a viabilidade de uma cooperativa, pois assim iria adquirir produtos mais em conta. Até agora não chegou a um acordo nesse sentido. Em último caso, a opção será suspender as compras em São Paulo e optar por materiais vindos do Sul do País.
“O setor projetava crescimento de 6% para este ano, mas isso não vem se materializando. Esse reajuste no ICMS do material de construção em São Paulo tornam o cenário ainda mais complicado”, disse Lopes.

Reajuste
São Paulo aumentou a alíquota de cobrança do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do setor e até o fim do mês será repassado o reajuste de até 8%. Segundo o presidente da Anamaco, Cláudio Elias Conz, com o aumento haverá impacto nas Margens de Valor Agregado (MVAs).
De acordo com Cláudio, além de aumentar as MVAs, São Paulo não atendeu a um pleito justo e antigo do setor de diminuir o número de índices e simplificar o sistema de Substituição Tributária. “Hoje, são 126 alíquotas diferentes, o que burocratiza a atividade e onera ainda mais os comerciantes”, avaliou.

Reajuste deve ser ponderado
A notícia de reajuste dos materiais de construção em São Paulo repercutiu mal entre os corretores de imóveis no Amazonas. “Esperamos que o Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Amazonas (Sinduscon) pondere o reajuste que será repassado ao valor final dos imóveis, pois o setor vem de uma estagnação”, afirmou a presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Amazonas (Sindimóveis), Jane Farias Picanço.
Ela explicou que o setor está tendo um tímido aquecimento neste segundo semestre, mas, diante da notícia de reajuste do ICMS de materiais da construção civil em São Paulo, a situação pode se complicar. “Se o consumidor não tiver crédito para comprar imóveis novos reajustados, optará por apartamentos lançados ou usados”.
Jane afirmou também que o reajuste estabelecido em São Paulo é normal, pois, periodicamente, os Estados reajustam suas alíquotas.
De acordo com o Sinduscon, hoje, em Manaus, o metro quadrado de imóveis tipo A custa em média R$ 7 mil, o metro quadrado de imóveis intermediários R$ 4 mil e o  de populares, R$ 3 mil.

Vendas aquecidas em Manaus
Apesar do setor da construção civil não estar em sua melhor fase, o “verão amazônico” tem aquecido as vendas nas casas especializadas que projetam crescimento de 25% entre junho e agosto.
De acordo com a gerente comercial da Casa do Eletricista, Maria José, os clientes que estão reformando ou construindo não se preocupam muito com reajuste de preços que podem ocorrer eventualmente. “Alguns fazem uma pesquisa entre uma loja e outra, mas acabam consumindo se têm crédito disponível”, disse a gerente.
É o caso do casal Cristina Padilha e Ebenezer Rodrigues, assistente de conta e relojoeiro, que gastaram R$ 600 em tintas para pintar uma área de 80 metros quadrados. Os dois foram ontem à Casa do Eletricista comprar luminárias, um dos itens mais vendidos pelas lojas do ramo e que, certamente, sofrerá reajuste decorrente do aumento do ICMS em São Paulo. “Não fizemos pesquisas não, precisamos concluir a obra e estamos comprando o que ainda falta”, disse Cristina.
De acordo com o gerente de vendas da Constrói, Thaunay Freitas, cerca de 80% dos 25 mil itens que vendem são oriundos de fábricas paulistas. “Não respondo pelo setor comercial, mas acredito que o repasse ao consumidor será pequeno”, disse Thaunay, justificando que a empresa tem crédito disponível para efetuar compras à vista o que garante sempre um desconto maior que é repassado ao consumidor. “Sendo assim, os clientes acabam pagando menos na Constrói”.
Pesquisa Anamaco divulgada ontem apontou que as vendas de material de construção em julho cresceram 7% sobre o mês de junho. Nos últimos 12 meses, o setor amargou queda de 2%.

Fonte: A Crítica

 

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